“O século XX poderia ser resumido, do ponto de vista educacional, como o século onde se treinaram as pessoas para executar e obedecer“. – Lúcio Lampreia.
Foi o séculos onde nos foram retiradas algumas das nossas capacidades criativas, de inovar e onde fomos preparados para trabalhar na fábrica, a executar e a obedecer ao chefe e ao patrão.
Em contrapartida ganhávamos dinheiro para comprar os que necessitávamos, pagar as contas, e outras coisas mais. Era necessário consumir, consumir, para fazer evoluir o mundo e a economia.
Estar alinhado e executar tarefas segundo esta perspectiva era fundamental, logo qualquer aspiração que as pessoas tivessem a nível pessoal ou artístico não tinha lugar neste “mundinho”.
Deixou-se a fábrica a passou-se para os escritórios e para prestação de serviços, mantendo sempre a mesma mentalidade: já não produzimos tanto, mas continuamos a pensar da mesma forma, “assinar por cima da linha, e dentro dos quadrados”, o chefe manteve-se supremo e inquestionável.
E nesta perspectiva os “alunos” que se mantinham obedientes e cumpridores não questionando as regras eram valorizados e preservados.
Todo o sistema de ensino, estava e ainda continua a estar orientado para preparar pessoas para este tipo de obediência: vão para a escola, à espera que lhes digam o que fazer e o que não fazer, cumprir regras impostas, não questionar, aprenderem a dar a resposta certa, respeitarem a autoridade, não infringirem de maneira alguma as regras, senão vem o castigo e o “carimbo de mal comportado”. Uma espécie de preparação daquilo que vão encontrar no mercado de trabalho.
O “velho” sistema laboral é assim, e ainda poderá continuar por muitos anos: as folhas de serviço, o cartão de picar o ponto, as folhas de tarefas, o supervisor mal humorado, o chefe aziado e prepotente. Os colaboradores só tinham e têm de esperar ordens do chefe e se te portas mal dou-te o pior horários e as piores tarefas, longe dos colegas, ficas na “prateleira”, e faz-se exigências de propósito sabem que seriam difíceis de cumprir, apontando a todo o momento a porta de saída.
E assim, as pessoas sem hipóteses de fuga deste sistema, foram se resignando, estagnando, definhando, à espera que a “voz do todo poderoso chefe” lhes indicasse o que tinham de fazer. E se se atreviam a fazer uma sugestão ou ter uma iniciativa eram postos de lado e olhados como “desafiadores” e até mesmo penalizados.
E foi desta forma que as pessoas aprenderam a “ficarem estáticas, a não pensarem e serem apenas executantes” – Lúcio Lampreia.
E quando as pessoas percebem que têm pouco controlo sobre a sua vida e sobre uma situação, tendem a apresentar comportamentos de rendição (depressão, abusos de medicação anti-depressiva, desistência, abandono dos seus sonhos, etc.).
“Esta inacçao conduz a que estas pessoas deixem de perceber algumas oportunidades que possa surgir a aliviar ou mudar a situação negativa em que se encontram” – Lúcio Lampreia.
Vivi durante anos esta situação no meu local de trabalho.
Onde vigorava o cliché “Ser morto por ter cão e por não ter”. Sempre que tentava apresentar alguma solução melhor, ou mesmo não concordar com alguma situação profissional que afectava de forma negativa a prestação do meu trabalho, era logo aconselhada a me colocar no meu lugar.
Mas não sou de baixar os braços, mas confesso que em muitos momentos foi extremamente difícil suportar tanta ignorância e principalmente a visão retrógrada de alguns superiores, onde a honestidade e a justiça ficavam de lado num combate desigual para manter o poder.
Mas os ventos de mudança estão a chegar e já chegaram para mim, apesar de ainda não terem sido anunciados oficialmente ao mundo.
E muitas das barreiras que foram erguidas não tardarão muito a cair.
Vê como contornei e hoje trabalho de uma forma liberal
Um abraço
Luísa de Sousa
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